Para a grande maioria das
pessoas a leitura é um processo simples e automático, contudo esta é uma tarefa
bastante complexa que envolve conexões cerebrais em diferentes regiões do
cérebro. A dislexia é uma disfunção neurológica que se manifesta na dificuldade
de aprendizagem da leitura. Deriva de alterações em diferentes regiões
cerebrais, ou até mesmo, de uma insuficiente coordenação entre zonas
específicas do cérebro.
A dislexia na grande maioria
das vezes só se deteta no primeiro ciclo quando tem início o processo de
leitura. Contudo, no decorrer da frequência do pré-escolar há alguns sinais
para os quais pais e educadores devem estar alertas, tais como:
- Alterações na consciência
fonológica, crianças com dificuldades em seguir ritmos, trava-línguas,
lenga-lengas e em perceber rimas;
- Nomeação automática
deficitária, ou seja, dificuldades na memorização de cores, números até 9;
- Dificuldades na
correspondência grafema-fonema, dificuldade em perceber que a um determinado
grafema (letra) corresponde um fonema (som)
A criança com dislexia
apresenta problemas com a consciência fonológica e com a fonética, o que leva a
que a leitura não se automatize. A compreensão será afetada e leva à
frustração. Importa frisar que esta disfunção não é uma deficiência, nem revela
perda de capacidades cognitivas. A criança não é preguiçosa, nem pouco
inteligente, simplesmente aprende de forma diferente. Importa salientar que
este transtorno poderá afetar outras áreas académicas, bem como, a nível
emocional e comportamental. Neste processo a intervenção precoce tem um papel
extremamente importante, sendo possível ultrapassar 90% das dificuldades. Para
tal é importante, estar alerta aos sinais e proceder à referenciação da criança
o mais atempadamente possível. Depois de uma avaliação psicopedagógica, será
delineado um plano de intervenção com metodologias adequadas a cada caso.
Existe no nosso sistema
educativo legislação em vigor que protege todos os alunos com dislexia, o
DL3/2008 prevê mais tempo para a realização de provas, a leitura oral da prova
e despenalização do erro em prova escrita para os casos que também envolvem
disortografia.
Para a criança com dislexia, a
escola é encarada com desprazer, um local onde ela trava uma luta constante,
desta forma é importante que pais e professores se unam e apoiem a criança,
incentivando-a, ajudando-a e principalmente valorizando o seu esforço. Porque
todas as crianças têm em si um grande potencial, são inteligentes e criativas,
só precisam de ter à sua volta adultos que as compreendam, que as incentivem e
que as amem!
Não julguemos o comportamento ou
desempenho académico de uma criança sem saber o que poderá estar camuflado!