sexta-feira, 25 de maio de 2018

A Pedagogia dos Afetos


Estamos a chegar ao final de mais um ano letivo. Nesta altura é esperado que os professores tenham cumprido religiosamente o programa. E neste cumprir de programa raramente sobra tempo para os afetos, para escutar a criança, para perceber os seus interesses, necessidades e curiosidades. Hoje em dia, na maioria das escolas, tudo é imposto pelo dito “programa” é ele quem o regula, que decide o que as crianças devem aprender, o que devem querer saber, como se de marionetas se tratassem, seres desprovidos de vontade própria, como se a escola fosse uma linha de montagem onde todas as crianças tivessem a mesma formatação. Há dias tomei conhecimento da atitude que uma professora de 1º ciclo vinha a ter, a alguns meses a esta parte, com uma criança de 6 anos. Perante o teor do que me foi relatado, considero-o de extrema gravidade, mas por uma questão de privacidade e confidencialidade não irei partilhar aqui. Contudo uma coisa irá certamente acontecer, aos olhos daquela criança a escola deixa de ser seja um local onde é suposto aprender e ser feliz. Uma criança que é humilhada, destratada e entregue a si própria, num mundo que lhe é desconhecido, não irá com certeza melhorar comportamentos…muito pelo contrário. Felizmente, contacto diariamente e pessoalmente com outras realidades, há outras escolas e há outros professores (as) que olham para a criança no seu todo, alguém com vontade própria, capaz de construir o seu próprio conhecimento. Alguém capaz de definir as suas aprendizagens partindo da sua experiência de vida, que por muito precoce que seja é carregada de inúmeros saberes que não devem ser descurados. A aprendizagem não deve ser uma imposição, deve antes ser encarada como uma descoberta, um querer saber mais. E para tal, devia haver lugar à pedagogia do afetos. A escola devia apostar acima de tudo nos afetos, entre os professores/educadores e os alunos. Porque os mais puros e verdadeiros ensinamentos são aqueles que são feitos com amor, com base num clima de respeito, solidariedade e cooperação. A escola devia ser um local onde todos aprendem e todos ensinam, independentemente da sua idade. A criança deveria ir à escola não só para aprender, mas acima de tudo para “aprender a aprender”. A mudança de paradigma está nas nossas mãos (educadores), é nosso dever criar uma escola de afetos, de respeito pelos outros, pela natureza, adotar um clima democrático de cooperação e de solidariedade. Esta será a grande aposta para a melhoria do ensino e para que futuramente se desenvolvam cidadãos socialmente competentes! Eu conheço uma escola assim, outras haverá certamente, e outras para lá irão caminhar, porque a mudança está nas nossas mãos, na nossa mentalidade e sobretudo no nosso coração. Por uma pedagogia dos afetos todos devemos lutar!

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